Descrição
Atenção: simpatia infalível para conquistar o seu amor. Leia essa (se é que você já não a conhece...): “Numa sexta-feira de lua crescente, após às 21 horas, despetale uma rosa vermelha e escreva em cada uma delas, com um espinho da própria rosa, o nome da pessoa amada. Após isso, atire as pétalas em água corrente e espere o resultado”. Uma simpatia é uma jogada com o improvável. Surge no instante em que a lógica racional não mais dá conta do real. Uma crise, um fracasso, uma doença, um desamor: qualquer situação pode servir de pretexto para uma simpatia que, em última instância, promete instaurar uma ficção no lugar de uma realidade não desejada (afinal, o que é a arte senão, em parte, este esforço insano ao longo dos séculos?). Geralmente, o corpo é o objeto central de uma simpatia. Quem faz uma simpatia deseja alterar a relação de um corpo com a realidade, seja para o bem, seja para o mal (como ocorre nas sempre úteis mandingas). Para tanto, é preciso seguir a risca uma espécie de livro de receitas que fornece as instruções para uma sequência de ações muitas vezes desconexas. Diego de los Campos se utilizou nestes vídeos do stop-motion (técnica de animação cinematográfica onde o modelo – no caso, o próprio artista – é fotografado quadro a quadro). Com humor, leveza e despretensão, talvez as principais características da trajetória de Diego, surgem diante de nossos olhos esboços em movimento que insinuam a possibilidade do apagamento da memória e da identidade do próprio artista.
Fernando Boppré