Descrição
Quando o Museu Victor Meirelles convidou-me para expor individualmente as xilogravuras que realizei entre 1987 e 1990, período em que vivi em Estrasburgo na França, a pergunta que me veio em seguida foi: por que mostrar trabalhos realizados há mais de quinze anos atrás, quando o que faço hoje parece ser tão diferente desse período?
A possibilidade aberta pelo convite foi muito estimulante e instigou-me ao exercício da memória e do pensamento. Primeiro, por que essas gravuras nunca haviam sido expostas em conjunto e em numero significativo, apesar de ter trabalhado nelas durante anos. Segundo, por que a partir desses trabalhos especificamente, surgiram noções fundamentais no desenvolvimento de minha produção artística posterior, como as noções de vazio e cheio, de recorte, de intervalo, de apresentação, de inter-relação, de indeterminação... No atual contexto então, isto permite um olhar sobre o andamento e o percurso artístico, sobre certos gestos e propostas, sobre os sentidos que damos às coisas que fazemos e como eles se desenvolvem no tempo. Em consequência, decidi também realizar um diálogo com a produção recente. Junto com as gravuras, serão realizadas interferências no espaço expositivo utilizando vírgulas recortadas em vinil adesivo, as quais derivam também de experiências gráficas e reenviam a instalações mais recentes como, por exemplo, Coleção de vazios e alguns intervalos prolongados realizada em 2004 para a exposição Cinco+Sete em Belo Horizonte.
Helio Fervenza