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Nome
Emanoel Araújo
Outros nomes
Biografia
Emanoel Alves de Araújo (Santo Amaro da Purificação, Bahia, 1940 - São Paulo, São Paulo, 2022). Escultor, desenhista, ilustrador, figurinista, gravador, cenógrafo, pintor, curador, museólogo. Por meio de cores fortes, texturas e ênfase nas formas geométricas, Emanoel Araújo explora a presença da herança africana na cultura brasileira.
Aprende marcenaria com o mestre Eufrásio Vargas e trabalha com linotipia e composição gráfica na Imprensa Oficial, em sua cidade natal. A primeira exposição individual é realizada em 1959.
Na década de 1960, muda-se para Salvador e ingressa na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde estuda gravura com Henrique Oswald (1918-1965). Nesse período, produz ilustrações, cartazes e cenários para teatro. Nas xilogravuras, a textura se sobressai, com relevos, dobras ou rugas. Essas obras exploram temas locais e representações femininas que aludem à fecundidade.
A partir de 1971, realiza obras abstratas, compostas por formas geométricas conjugadas. O artista aproxima-se de forma gradual das vertentes construtivas, reduzindo as formas a estruturas primárias.
Desenvolve trabalhos que contêm segmentos ondulados de outras gravuras, colados sobre o plano de uma gravura maior, de maneira a produzir cortes, interferências e justaposições no plano. Essas peças começam a indicar o interesse do artista pelo tridimensional.
Entre as relevantes premiações recebidas, estão inclusas a medalha de ouro na 3ª Bienal Gráfica de Florença, Itália, em 1972, e os prêmios de melhor gravador, em 1973, e de melhor escultor, em 1983, ambos concedidos pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Em 1977, participa do 2º Festival Mundial de Arte e Cultura Negra e Africana (Festac ‘77). A partir de então, as referências à cultura africana passam a ser mais diretas tanto na configuração estética quanto no teor das obras do artista. Tais referências podem ser notadas, por exemplo, pela presença de símbolos de entidades do candomblé em esculturas. As cores e as formas também são utilizadas para remeter a objetos ritualísticos da religião afro-brasileira.
Em 1981 expõe individualmente no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Entre 1981 e 1983, dirige o Museu de Arte da Bahia (MAB), em Salvador. Em 1988 é convidado a lecionar artes gráficas e escultura no Arts College, na The City University of New York [ Universidade da Cidade de Nova York].
De 1992 a 2002, exerce o cargo de diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_) e é responsável pela revitalização da instituição. Integra, entre 1995 e 1996, a Comissão dos Museus e o Conselho Federal de Cultura, instituídos pelo Ministério da Educação e Cultura. O trabalho como curador, ligado sobretudo à imagem e à cultura do negro e do índio no Brasil, vai ao encontro de temas presentes em suas obras, engajadas na reestruturação do universo da arte africana, explorando as formas geométricas aliadas a contrastes e cores fortes em suas gravuras, relevos e esculturas.
Em 2004, é curador e diretor do Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, inaugurado neste mesmo ano, com obras de sua coleção. Araújo afirma que a criação do espaço busca incluir “todas as contribuições possíveis, os legados, participações, revoltas, gritos e sussurros que tiveram lugar no Brasil e no circuito das sociedades afro-atlânticas”, destacando a importância de reconstruir a trajetória do negro na história da arte nacional com a ênfase na “experiência de desenraizamento de milhões de seres humanos graças à escravidão”1.
O empenho em valorizar e difundir a produção artística da população negra é formalizado também na segunda edição ampliada e revisada de A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica (2010). A publicação é fruto de uma minuciosa pesquisa que propõe mapear as contribuições da população negra para as artes plásticas brasileiras, percurso que percorre do barroco e do rococó até chegar à arte moderna e contemporânea.
Em 2007 é homenageado pelo Instituto Tomie Ohtake, que realiza a exposição Emanoel Araújo: autobiografia do gesto, reunindo obras que englobam as quatro décadas de produção artística de Araújo. E, em 2018, esculturas, xilogravuras e cartazes do artista são expostos no Masp.
No trabalho de Emanoel de Araújo, correntes estéticas como o construtivismo são exploradas de modo que expressem temas fortemente relacionados com a realidade brasileira. Tanto a sua obra artística quanto a sua atuação como curador e pesquisador destacam a importância da herança africana na cultura nacional.
Data de nascimento
1940
Cidade de nascimento
Estado de nascimento
Pais de nascimento
Data do falecimento
2022
Cidade de falecimento
Estado de falecimento
País de falecimento
Bibliografia
ARAÚJO, Emanoel. Emanoel Araújo: esculturas e relevos. São Paulo: Galeria Nara Roesler, 1996.
ARAÚJO, Emanoel. Emanoel Araújo: esculturas, relevos. São Paulo: Skultura Galeria de Arte, 1987.
ARAÚJO, Emanoel. Emanoel Araújo: gravuras. Rio de Janeiro: Galeria Bonino, 1972.
ARAÚJO, Emanoel. Emanoel Araújo: relevos e esculturas. Salvador: Odebrecht, s.d.
ARAÚJO, Emanoel. Emanoel Araújo: relevos e esculturas. São Paulo: Skultura Galeria de Arte, 1983.
ARAÚJO, Emanoel. Emanoel Araújo: relevos. São Paulo: Galeria Arte Aplicada, 1976.
ARAÚJO, Emanoel. Emanoel Araújo: xilogravuras-relevos-esculturas. Brasília: Oscar Seraphico Galeria de Arte, 1977.
ARAÚJO, Emanoel. Emanoel de Araújo: esculturas, relevos e monoprints. Tradução Helena Wiechmann, Francisco de Castro. s.l.: Edição do autor, 1991.
ARAÚJO, Emanoel. Esculturas de Emanoel Araújo: essencialmente urbano. São Paulo: Estação Santa Cecília do Metrô, 1990.
ARAÚJO, Emanoel. Esculturas e relevos. Recife: Amparo Sessenta, 2000.
ARAÚJO, Emanoel. Esculturas e relevo um vulcão rumo ao classicismo. São Paulo: Galeria Nara Roesler, 1996.
ARAÚJO, Emanoel. Gravuras. Rio de Janeiro: Galeria Bonino, 1972.
ARAÚJO, Emanoel. Xilogravuras- relevos- esculturas. Brasília: Oscar Seraphico Galeria de Arte, 1977.
ARTE e artistas plásticos no Brasil 2000. São Paulo: Meta, 2000.
Arte Gráfica Brasileira de Hoje. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, [s.d.]. Disponível em: https://gulbenkian.pt/historia-das-exposicoes/exhibitions/275/. Acesso em: 25 jun. 2025.
ARTISTAS da Bahia. São Paulo: A Galeria, 1967.
ARTISTAS do muralismo brasileiro. São Paulo: Volkswagen do Brasil, 1988.
EMANOEL Araújo: esculturas. Rio de Janeiro: Galeria Cesar Aché, 1984.