Descrição
A partir de 2008 , Giba Duarte iniciou um cuidadoso trabalho de observação e registro da paisagem e dos afetos que nela habitam. A câmera fotográfica servia-lhe como observatório e mecanismo de reprodução de imagens.
Desde então, o artista vem reunindo estas fotografias que acabaram por formar uma coleção de possíveis. Gradativamente, algumas delas começaram a ser ocupadas por camadas de lápis, tinta e fios costurados. Foi surgindo um vocabulário próprio composto por figuras e palavras que nos sussuram comentários – espécie de legendas poéticas – sobre a experiência vivida em cada quadro.
“Dá para escrever em dias negros” (realizado entre 2011 e 2013) e “Ramblas ou quase respiro” (2013) são trabalhos produzidos entre Uruguai, Rio Grande do Sul e Florianópolis onde o artista fotografa e filma lugares, construindo seriações de pequenas narrativas ou “historinhas”, como ele próprio gosta de dizer.
O desenvolvimento da linha sobre a fotografia – tanto o traço do lápis dermatográfico, quanto o gesto do coser – conduziu ao território do desenho. A novidade desta exposição é a apresentação de três desenhos, a série “Planos de fuga” (2013).
Por fim, pequenos objetos se tornam protagonistas de um diálogo improvável (mas possível) entre as fotografias e o vídeo, num jogo de tamanhos, formas e atravessamentos de linhas, sons e sentidos. É a série “Recuso-me a dar satisfação” (2013).
Fernando Boppré, curador