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Newman Schutze
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Metadados
Nome da exposição
Newman Schutze
Descrição
NEWMAN E OS DESAFIOS DO DESENHO
Texto de Carlos Alberto Fajardo (Artista e professor doutor da Universidade de São Paulo)
Instalações, performances, intervenções urbanas, multimídia e os novos modos expressivos no campo das artes visuais colocaram em questão e certamente sob pressão, num permanente estresse, as formas tradicionais da atividade artística: a pintura, o desenho, a gravura, a escultura e os objetos construídos.
É como se o surgimento dessas novas modalidades artísticas, conduzindo a um processo de expansão do pensamento visual, obrigassem as formas tradicionais a um deslocamento na sua ação, sendo a principal a crise instalada nos discursos simbólicos, substituídos em parte por produções de natureza indicial.
A segunda metade dos anos 60 do século passado gerou a maior parte das mudanças estruturais que as artes plásticas conheceram, a partir do surgimento da forma simbólica por excelência, a perspectiva; da maneira mais geral possível pode-se dizer que foi a introdução da relação espaço/tempo a principal responsável pelos desafios que as formas canônicas de arte encontraram desde então: um deslocamento daquilo que se estendia pelo espaço virtual, de representação, para uma ocupação física do espaço real. O que implica numa nova relação da arte com seu público espectador, agora “participador” na feliz expressão de Helio Oiticica.
O trabalho de Newman se inscreve dentro das formas tradicionais da pintura e do desenho e o quê se apresenta nesta exposição é sua resposta a esse desafio, colocado no caso ao desenho. Seu trabalho se envolve com a questão básica da representação: colocar algo no lugar de alguma coisa apenas figurada, uma montanha, uma maçã, o desenho como significante de uma ausência, o desenho como fantasma.
Um desenho que não representa, uma parede ocupada em toda sua extensão por uma grande mancha de nanquim, feita em apenas um gesto, com a utilização de um instrumento insólito; um grande rodo que marca sua trajetória horizontal na altura do artista, uma espécie de dança que ocupa toda a extensão das paredes que definem o espaço; um movimento repetido, em que a repetição mostra toda a sua diferença, indícios da ocupação espacial/ temporal do todo, pelo corpo do artista.
“O que faço é música”, essa frase de Oiticica sintetiza os dilemas que a arte contemporânea encontra e que Newman tão bem resolveu em seu trabalho recente, nesta mostra.
Data de abertura
23 de fevereiro de 2005
Data de fechamento
17 de abril de 2005