Descrição
Fotografar a pintura não é um ato simples e inocente, mesmo quando se trata de um convite para uma exposição, um cartaz ou livro. O mundo é muito heterogêneo e complexo, inventar uma nova dramaturgia para poder dar formas ao que sentimos e experimentamos, pode ser um passo para toda essa complexidade que se oferece (...) não podemos ser o tempo todo transparentes, precisamos nos proteger de muitas coisas, dos outros e de nós mesmos também. Por um lado uma imediatez do mundo sobre nós, e do outro a fabricação, a maneira de imaginar nossa vida no mundo, de fabricar quem somos, o que queremos, nossas ficções. As fotografias da arte tem a ver com esse lugar (...). Na fotografia olhamos a imagem de alguém que viveu uma experiência, que esteve olhando para o mundo, por isso a fotografia é uma dupla experiência. Não olho nada sem saber que estou olhando com o meu corpo, com minha história, com a minha cultura, com meu sentimento, com minha vida. Tenho a sensação que os quadros me dizem: você viu? Mas ainda não viu nada… e como fotógrafo quero saber mais. Me interesso pela reconstrução crítica da tradição pictural.
Zénon Piéters
Rosângela Cherem