Descrição
Quando me propus a fazer este trabalho, concebido especialmente para a presente mostra, no Museu Victor Meirelles, tinha como objetivo preencher duas necessidades: uma, de atender a especificidade do museu; a outra, mais decisiva, a vontade própria de trabalhar minha visão poética, em relação às imagens da Ilha de Santa Catarina, que tenho tão vívidas e presente na minha memória.
Durante o outono de 1998, numa Alemanha mergulhada em pleno inverno europeu, estes trabalhos começaram a serem desenvolvidos no meu atelier, na Faculdade de Belas Artes de Kassel, que fica dentro do Parque Kalrsaue. Lá dentro, a mais de 10.000 km da Ilha, eu me ocupava com imagens que estavam fortemente impregnadas na minha memória. Elas tinham que tomar forma e ter vida própria…imagens da Ilha, que eu em diversas ocasiões, havia registrado em inúmeras fotos - as quais eu já considerava como um referencial para um trabalho a ser desenvolvido numa oportunidade futura….
A memória insular compõe-se de uma série de 35 trabalhos, dos quais 16 estão sendo mostrados aqui. Cada trabalho baseia-se numa foto, a pintura começa de forma realista, para pouco a pouco ser “destruída” por várias grossas camadas de tinta a óleo, abstraindo quase toda pintura original. Com desenhos-traços-rabiscos tenta-se recuperar algo do motivo original, na busca de que o expectador mais sinta do que veja….
Em alguns trabalhos foi inserido um esquema de uma tomografia computadorizada, elemento que faz parte dos meus trabalhos anteriores, fazendo uma referência ao ser humano, mas no caso dos trabalhos apresentados no MVM, refere-se diretamente à memória.
As imagens aqui mostradas, de forma distorcidas, talvez seja uma oportunidade para os “insulanos” a ver sua própria realidade de uma outra forma, talvez como um forasteiro a vê.
Talvez seja uma pequena declaração a Ilha....
José De Quadros